Thanise Correa Garcia



      Thanise Correa Garcia, 18 anos, cursava o terceiro semestre de Filosofia na Unifra.   Segundo a mãe, Carina Correa , tinha um senso crítico e único e vocação para política.  Gostava de ler, adorava filmes e pretendia dar aula para o ensino médio.


Viajar para Machu Picchu, falar alemão e estudar Ciências políticas, planos de uma menina de 18 anos em Santa Maria. Esses eram apenas alguns dos projetos da estudante de Filosofia Thanise Corrêa Garcia, uma das 242 vítimas do incêndio na boate Kiss.



Lembrada como uma pessoa tranquila e inteligente, ela dava aulas há um ano em uma escola de Ensino Médio em Santa Maria, apesar da pouca idade. " Ela tinha entrado para um grupo de estudos de filosofia e já estava com todas as aulas programadas até novembro", recorda sua mãe.



Desde pequena, Thanise queria conhecer o mundo. A viagem para Macchu Picchu estava programada para o ano de 2014, mas já havia começado a juntar dinheiro. "Ela sempre gostou de conhecer lugares novos e culturas diferentes", explica Carina. A viagem mais longa que a garota fez foi para a Amazônia, onde vive o pai, mas conhecer a Europa também estava nos planos. Admiradora de Karl Marx, pretendia aprender o idioma alemão para ler os livros do comunista na versão original.



Thanise jamais havia entrado na boate Kiss até a noite de sábado, quando foi ao local para comemorar o aniversário antecipado do amigo Igor Stephan de Oliveira que faria 20 anos na segunda-feira, que também morreu no incêndio. Antes de ir, ligou para a mãe por volta da meia-noite para se despedir. "Não ia qualquer tipo de gente ali. Não tinha gente brigando, gente com faca, então eu achei que ela estava segura", lembra a mãe.


    Thanise foi um imprevisto na vida da mãe, que engravidou aos 15 anos. Com um ano e meio, "já falava tudo". Apaixonada pelos livros do bruxinho Harry Potter, a menina questionadora mais tarde se encantaria também por Karl Marx e política e decidiria cursar Filosofia no Centro Universitário Franciscano (Unifra), sonhando ser professora. Adorava que a mãe a acompanhasse até a porta da sala de aula para apresentá-la a seus colegas e professores. 

As duas saíam juntas à noite, eram confidentes, gostavam de música – Thanise tinha a capa do disco Help, dos Beatles, tatuada nas costas. Por conta dos penetrantes olhos negros da adolescente, Carina lhe deu os apelidos de Di e Dime, em referência a Dime Luna, da banda mexicana Maná, que entoa: "Dime luna / ¿Por qué me miras siempre así?" (Diga-me, lua, por que me olhas sempre assim?). Não eram necessárias palavras para a mãe adivinhar o que a menina queria ou o que não ia bem. 



     As primeiras semanas após o incêndio foram insanas: no cemitério, Carina tentou arrombar o túmulo de Thanise, batendo com pedras e até com as próprias mãos. Os meses corriam, a mãe já estava em plena atividade junto à Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), clamando por justiça, e ainda esperava Thanise voltar da faculdade à noite, no portão da frente, ou tinha a certeza, na hora de dormir, de que, ao despertar no dia seguinte, a menina estaria ali outra vez.





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