Vinicius Montardo Rosado, 26 anos, nascido em Cruz Alta(RS), vivia com os pais e a irmã em Santa Maria. Estudante de Educação Física na Fames , e voluntário da APAE. Estava escrevendo o seu trabalho de conclusão de curso(TCC) sobre o Rúgbi, esporte que já havia praticado e lhe chamou atenção. Torcia para o seu time do coração, o Sport Clube Internacional, de Porto Alegre(RS).
Foi um dos percursores do rúgbi na cidade de Santa Maria.
Brincalhão de quase dois metros, que nunca ficava emburrado, segundo sua família. Ele foi um dos primeiros a sair da casa noturna em chamas, mas decidiu voltar e ajudar quem não conseguia escapar. Pelo menos 14 pessoas foram retiradas daquele lugar pelo rapaz, segundo relato de sobreviventes e morreu a caminho do hospital.
Sua irmã Jéssica Montardo Rosado, auxiliar de escritório, mostrou fotos dele ainda criança. "A gente era muito unido. Sempre dormimos na mesma cama, desde pequenos", disse.
Ao abrir o guarda-roupas, ela retirou do canto da prateleira mais alta uma camisa do Internacional. "Aqui está tudo que ele tinha. Essa era a paixão dele", afirmou.
O estudante estava animado com o futuro. Com formatura marcada para o final de 2013, planejava seguir para São Paulo, onde trabalharia e juntaria um dinheiro para um cruzeiro marítimo. Adepto de esportes que exigem físico desenvolvido, como rúgbi, queria se tornar lutador de MMA.
Ele e seu melhor amigo, o empresário Bruno Perin, de 25 anos, criaram quando adolescentes um estilo de vida intitulado “free life style”. “É como um ‘carpe diem’, sobre aproveitar ao máximo a vida. E acho que ele conseguiu isso durante a vida”, lembrou o jovem.
Parentes contam que Vinicius adorava festas, mas cancelava qualquer evento se um amigo precisasse de ajuda. “Era um rapaz muito humilde. Nunca vi ninguém falar que não gostava dele”, disse o pai. “Brincava que ele era como uma baleia: grande, forte e doce.”
Foi em uma festa, porém, que a vida do jovem chegou ao fim. Segundo testemunhas, na madrugada de domingo Vinicius saiu da boate e procurou a irmã. Ao ver que Jéssica estava bem, voltou ao prédio em chamas, para resgatar quem não conseguia encontrar a saída.
Depois de alguns minutos, foi retirado por bombeiros desacordado. Ele morreu na ambulância, a caminho do hospital. No velório coletivo realizado no ginásio esportivo da cidade, pessoas que sobreviveram e que participaram da cerimônia reconheceram Vinicius. “Passavam e diziam: ‘lembro dele. Foi ele quem me salvou’”, afirmou Bruno. Por suas contas, foram 14 os resgatados pelo estudante de educação física. “Santa Maria não pode ser lembrada como uma terra onde aconteceu uma tragédia, mas uma terra de heróis”, completou.
Inicialmente revoltado com o desprendimento do filho que causou sua morte, Ogier reviu sua opinião após pensar e conversar com a filha. “Ela me disse que, mesmo que eu estivesse lá e tentasse impedi-lo, ele me empurraria e entraria. Era a índole dele. Se ele não tivesse entrado, sei que se arrependeria de ter deixado todas aquelas pessoas morrerem.”
Emocionado com o exemplo do filho, o gerente de eventos espera que o mundo tenha outros tantos Vinicius. “Se o mundo tivesse esse tipo de solidariedade uma vez a cada seis meses, ele seria um lugar melhor para se viver.”
Querido, emocionante o relato. Muita paz.
ResponderExcluirImpossível não se emocionar com sua história, Vinicius ! Você foi, e é anjo de muitas pessoas !
ResponderExcluirem 2023, completando 10 anos dessa tragedia, meu coração está estraçalhado, Vinicius foi a vítima que mais me fez chorar, ele se foi como um herói, e será sempre lembrado com muita gratidão. Tenho certeza que ele está descansando em paz!
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