Rafaela Schmitt Nunes, 18 anos, nasceu em Santa Maria, não gostava de ir á Kiss, preferia outro estilo de música. Mas abriu uma exceção porque havia dois amigos que comemoravam seus aniversários naquela noite. Um deles foi de Igor Stephan de Oliveira e Andriele Righi que também morreram na tragédia.
Formou-se no ensino médio em 2012 e sonhava cursar fotografia na UNISC, em Santa Cruz do Sul.
O notebook na frente do qual Rafaela Schmitt Nunes, 18 anos, passava a maior parte do seu tempo não pôde mais ficar no quarto onde ela dormia com uma das irmãs. Toda vez que a dona de casa Lenir Schmitt, 49 anos, entrava em casa, via o computador e sentia como se a qualquer momento a filha, morta na Kiss, pudesse voltar a usá-lo.Era uma dor forte demais para suportar.Lenir e o marido, o técnico em telefonia Jorge Alberto dos Santos Nunes, 50 anos, ainda não conseguiram se desfazer das roupas da jovem, que estão dobradas nas gavetas nas quais ela as deixou.
Algumas das inumeráveis fotografias que Rafaela gostava tanto de tirar foram reveladas e espalhadas pela casa, outras não chegaram a ser colocadas em porta-retratos, mas estão bem pertinho, para serem manuseadas sempre que bate aquela saudade.
Nunes, que fez 50 anos no dia em que a filha morreu, ainda não conseguiu forças para voltar a trabalhar. Ele passa a maior parte do tempo em casa, mas busca manter a cabeça ocupada para não ficar pensando sempre no que aconteceu.
"No dia da tragédia, nossa outra filha, a Renata, chegou e me disse que nós dois teríamos de ser fortes para poder ajudar a minha mulher. Foi isso o que fiz. Fui o mais forte que consegui. Mas aí chegou o momento em que desabei. Então, fui procurar ajuda psicológica", conta Nunes.
Segundo ele, a família deve passar este fim de ano reunida. A proximidade do nascimento de Pietro, o primeiro neto, previsto para fevereiro, tem sido motivo para que eles queiram ainda mais conseguir uma forma de recomeçar.
_ Tem noites que a Lenir ainda acorda chorando. Procuro ajudá-la. E, às vezes, essa ajuda não é falar, nem ouvir, é simplesmente mostrar que estou perto, é abraçá-la, fazê-la ter certeza de que pode contar comigo _ comenta Nunes.
Lenir já tinha ouvido a filha ler muitos dos textos que gostava de escrever. A jovem mantinha um blog, chamado Reflexos Insanos, o qual a família começou a acessar com frequência depois da morte da garota. Em um dos textos, de 2011, Rafaela diz: "Estou feliz. Simplesmente. E falar de felicidade é a coisa mais difícil do mundo, honestamente. Mas vale ressaltar que eu tenho muita vontade. De tudo.
De viver, de fazer alguém feliz, de me dedicar, de estudar... ter uma vida longa e ter tudo que eu quero em minhas mãos". Esse tipo de pensamento da jovem também tem motivado a família a seguir em frente.
_ Ela queria muito ser feliz. Lutava por isso. E sempre queria também ver felizes aqueles que estavam a sua volta. Isso é uma motivação para nós. Não torna as coisas mais fáceis, mas é uma motivação _ diz Lenir, que, assim como o marido, carrega um bóton escrito saudades em seu peito. E a dor pela ausência da filha fica ainda mais evidente em seu olhar, que ainda muito se enche de lágrimas.
_ Ela queria muito ser feliz. Lutava por isso. E sempre queria também ver felizes aqueles que estavam a sua volta. Isso é uma motivação para nós. Não torna as coisas mais fáceis, mas é uma motivação _ diz Lenir, que, assim como o marido, carrega um bóton escrito saudades em seu peito. E a dor pela ausência da filha fica ainda mais evidente em seu olhar, que ainda muito se enche de lágrimas.
Jorge Alberto dos Santos Nunes não procurou ajuda de imediato e viu sua vida "se desestabilizar completamente.
Ele tinha acabado de fazer aniversário - no dia 25- e, na noite de sábado, a família tinha jantado para comemorar. Rafaela depois foi á Kiss celebrar o aniversário de dois amigos. Era sua segunda vez na discoteca.
Ela ia começar o primeiro emprego na segunda-feira, em um restaurante, e tinha acabado de estrear o colchão novo que o pai comprara.
"Ela vinha se queixando de dor nas costas por causa do antigo, que já estava vencido. Com nosso esforço compramos um novo, mas ela só dormiu nele uma noite", lamenta.
Depois da tragédia, Nunes caiu em depressão e não conseguiu voltar para o emprego, de técnico de telefonia. Meses depois, procurou ajuda no Acolhe Saúde.
Aos poucos está se reerguendo. Acaba de voltar para o trabalho e agora se preocupa com a esposa, que era "Apegada demais" á filha e está "pior que todos", mas recusa tratamento.
"Como chefe de família, me sinto na obrigação de não cair mais. Tenho que me esforçar e ajudá-la."
Fonte:BBC NEWS BRASIL
Rafaela gostava muito de escrever e criou um blog por titulo reflexos Insanos... onde ela se dizia:
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