Silvio Beuren Júnior, chamado de Silvinho por sua mãe, 31 anos, era filho do dono de uma tradicional joalheria de Santa Maria, a Silvio Joalheiro e da aposentada Marta Mourão Beuren, 63 anos.
Ele era o único dos quatro filhos que ainda morava com os pais. Entre os quatro filhos, Silvinho era o único capaz de dobrar o pai, descendente de alemães de quatro costados.
Desde a infância, ele acompanhava o pai nas temporadas de pescaria nos rios da Argentina, entre eles o famoso Paranazão, onde os dois fisgaram juntos um dourado de 29 quilos com direito a foto para comprovar a façanha. O menino tinha apenas 5 anos quando atravessou a fronteira com Sílvio pela primeira vez. Em sua bagagem, havia uma lista de recomendações preparada pela mãe e uma lata de Nescau. Sílvio não seguiu nenhuma delas. Alimentou Silvinho com peixe. Achocolatados não faziam parte do cardápio da viagem...
O rapaz havia estudado na Ulbra de Canoas, e atualmente, cuidava de uma fazenda da família em São Pedro do Sul. Apaixonado pelo campo, ele trocara o status de uma carreira de optometrista pelo cultivo de grãos na estância, como o arroz japonês
Brincalhão, alegre e namorador, era a alegria da casa - agora mais silenciosa, lamenta Marta.
Desde que terminara seu último namoro, o filho ainda não tinha conseguido se acertar com ninguém. Ele procurava uma companheira, pois sonhava em formar família, como os outros irmãos, mas, enquanto a metade da laranja não aparecia, curtia por inteiro sua solteirice.
Na
noite de 27 de janeiro, Sílvio Beuren Júnior, tirou a camisa que usaria para ir
à Kiss e a pendurou numa poltrona do quarto. Tomou banho, vestiu roupa de festa
e foi para a boate encontrar amigos. Morreu lá, trancado por outras pessoas no
banheiro superlotado. Desde então, a camisa e a cadeira permanecem do mesmo
jeito. Na mesma posição, intocadas. Intacto também está o quarto dele,
transformado em santuário pela mãe do rapaz.
As parede estão repletas de fotos de Sílvio no sítio, marcando gado, em viagem ao Uruguai, desfilando a cavalo - ele até fez uma ponta como ator em filme de época. Os Chapéus de vaqueiro e uma boina gaúcha estão espalhados pelo quarto, como no dia da morte. O local sofreu pequenas alterações. Sobre a cama, Marta colocou um chapéu bávaro e um traje típico alemão com o qual Sílvio se apresentava no grupo de dança Edelweiss. Ali também repousa a gaita-ponto com a qual o filho tocava a canção castelhana "Merceditas", sob aplausos dos amigos.
Quando se desespera de saudades, ela pensa em Nossa Senhora e no sofrimento em que ela vivenciou com o calvário de Jesus Cristo.
Apesar de católica, ela recebeu, de frequentadores de um
centro espírita, supostos recados mandados pelo filho. Ele teria avisado que
está bem e recomendado que a mãe, aos poucos, doe suas roupas.
_Não consigo virar a página. Beijo as fotos, faço pedidos a
ele, oro por ele. Me disseram para dar tudo que está no quarto, recomeçar a
vida, mas é difícil. Me parece uma traição ao meu filho.
Fonte:gauchazh
Não acredito! Somente hoje fiquei sabendo dessa tragédia. Silvio foi meu colega na Ulbra, um baita cara, bom colega, solicito, humilde, alegre. Chorei...
ResponderExcluirMeus sentimentos!Dor imensurável Dona Marta somente Deus p poder acalentar seu coraçãozinho e de todos familiares.
ResponderExcluirHoje faz 10 anos, 10 anos que essas famílias sofrem, a única coisa pra conforta um pouco a dor vai ser justiça
ResponderExcluirConheci o site agora, depois de assistir a série TODO DIA A MESMA NOITE da Netflix. Esse rapaz foi retratado na série com o nome de Felipinho? Que a mãe foi processada por promotor e filho, junto com outros pais por difamação? Que absurdo, falar a verdade agora é crime e as vítimas virando réus
ResponderExcluirApós 10 anos dessa tragédia eu vi muitas pessoas voltando a comentar sobre esse acontecimento e sobre a série da Netflix que lançou, mas eu não tive coragem de assistir pelo motivo das pessoas comentarem que dá uma tristeza tão grande em assistir e ver o sofrimento das vítimas e dos familiares e por ser tão real, na época do acontecido eu era uma criança bem pequena então só me vem flashes a cabeça, não lembro com detalhes e acredito que pela a idade que eu tinha eu não devia nem entender as coisas direito na época… Mas hoje ao ver a dor dessas famílias me dá um aperto tão grande no coração, uma angústia, uma sensação ruim, é muito triste, eram vários jovens com a vida toda pela frente, cada um com seus sonhos que infelizmente não puderam ser realizados, eai a gente pensa “e se não tivesse acontecido tudo isso como eles estariam agora?” O Silvinho por exemplo, imagino ele em 2023 com a tão sonhada família completamente formada, casado e com filhos, mas se parar para analisar não adianta pensarmos assim, se não aconteceu foi porque Deus tinha outra história escrita para ele! Desejo que ele tenha encontrado a luz e que esteja descansando em paz! Que Deus abençoe e conforte o coração dos pais e das pessoas próximas! Um filho continua a ser um filho, mesmo após falecer, e uma mãe será sempre uma mãe, mesmo após vê-lo partir.
ResponderExcluirPara toda a eternidade, há pequenos fios invisíveis a ligar o seu coração de mãe ao coração do seu filho. Estarão unidos para sempre. Espero que essa eterna união conforte o seu coração sofrido.
Meus sentimentos, para a querida mãezinha do Silvio.
Depois que se passaram 10 anos da tragédia, vemos como a justiça é falha e o quanto é desumano tantas vidas ceifadas e os responsáveis continuam impune.
ResponderExcluirÉ uma grande perda para as famílias, mas para a justiça parece que nada disso tem importância, falta de empatia e totalmente desumano.