Rafael Paulo Nunes de Carvalho

      Rafael Paulo, 32 Anos, era natural de Santo André(SP). Teria viajado para Santa Maria para reencontrar  colegas com os quais se conheceram na Nova Zelandia em um intercâmbio de estudantes. Formavam uma família no exterior, moravam no mesmo apartamento. Irmãos de coração. Na tragédia também morreu o amigo Felipe Vieira que fazia seis anos que não se viam. 

Eles estavam tão felizes com o reencontro onde comemoraram o aniversário de Rafael. Felipe morava em Caxias do Sul, mas trabalhava em Santa Maria. Como Rafael foi visitá-lo naquele fim de semana ele não retornou a Caxias do Sul para ver o amigo.

Os pais de Rafael, Paulo e Fátima Carvalho contam que no domingo de manhã, eles receberam telefonemas de amigos que souberam que havia ocorrido o incêndio na boate Kiss e não estavam conseguindo falar com Rafael. Os pais também começaram a ligar em busca de informações, porém ele não respondia deixando-os cada vez mais preocupado, pois se ele não respondia alguma coisa muito séria poderia ter acontecido com ele, pois o rapaz não era de não responder ligação, estaria informando que estava bem se tivesse.

Desesperados começaram a entrar em contato com os pais dos amigos que estavam com ele, onde ele estava hospedado em Santa Maria, mas obtiveram poucas informações pois todos corriam atrás de informações. Nesse meio tempo, os pais de Rafael souberam que duas amigas estavam hospitalizadas mas haviam sobrevivido. Porém não achavam os dois que era Rafael e seu amigo Felipe Vieira. Ambos não respondiam as ligações. Já haviam procurado por todos os lugares , em hospitais na possibilidade de os encontrar, sendo assim deduziram que só podia estar no ginásio onde todos os corpos eram levados e foram para o reconhecimento.

Os pais de Rafael perceberam que já tinha acontecido o pior e imediatamente providenciaram passagens. Quando eles estavam no estacionamento do aeroporto que veio a confirmação definitiva, o pai da amiga de Rafael, que estava internada reconheceu o corpo , ele estava entre os mortos. 

O irmão de Rafael estava no litoral viajando e retornou as pressas e foram todos para Santa Maria.

Depois os pais de Rafael ficaram sabendo que ele estava bem próximo a saída, porém morreu por se negar a passar por cima das pessoas. Ele ia afastando para não atropelar ninguém.

Rafael tinha muita vontade de viver e conhecer o mundo. E isso lhe deu a oportunidade de realizar muitos sonhos. Sempre quis morar fora do Brasil e chegou em um determinado momento que ele foi, estudar, trabalhar, onde ficou por dois anos em Nova Zelândia, mais dois anos e meio na Austrália.

Foi para copa em 2010 na África do Sul, viajou pela Indonésia, conheceu alguns países asiáticos.

Ele aproveitou muito a vida.Era um rapaz que já tinha estudado, trabalhava em uma empresa multinacional.Amou, viajou, ajudou amigos e pessoas que  nem conhecia, se divertiu, brincou, encantou muitos pelo jeito brincalhão e pela dedicação. Fez amigos de um dia e amigos de muitos anos. Olhava o mundo com amor , protegia os os animais com carinho. Se alguém precisasse de algo, de um apoio, de conforto, ele estava lá.

      Paciência sem fim para a família e amigos e impaciência total para os ilícitos. Sabia o seu lugar de cidadão no mundo. Ecologia não era uma palavra de moda, era a sua essência. Preservar o meio ambiente. Ajudar o próximo. 

     Para quem sempre estava pronto a ajudar , para quem não compactuava com a fraude, não tinha a ganancia do dinheiro pelo dinheiro, não se aproveitava de outros.

Não havia nem dois anos que ele tinha retornado ao Brasil, em duvida do que fazer depois de morar tanto tempo fora, não tinha certeza se ficaria definitivamente no Brasil ou voltava ao exterior. Dividido, tinha amigos lá e outros em seu país de origem. Seus amigos viraram família para Rafael. 

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