Luiz tinha 45 anos. Natural de Giruá (RS). Morava em Santa Maria (RS), na vila militar com a esposa . Formado no curso de Odontologia da UFSM.Deixou três filhos, que não moravam com ele. Era 1° Sargento da Aeronáutica, na Base Aérea de Santa Maria (RS). Conseguiu salvar 3 vidas na boate.
Núria estava em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, e foi a Santa Maria quando soube do incêndio. No dia 27 de janeiro de 2013. Na manhã daquele domingo, Núria estava na casa dos pais, em Tramandaí, quando recebeu um telefonema do irmão.
– Liga a TV – ordenou ele. – O Ludin não ia sair ontem?
A cobertura do incêndio na boate Kiss convulsionava os noticiários. Junto havia oito anos, o casal morava em Santa Maria, onde o sargento Luiz Carlos Ludin de Oliveira, 45 anos, servia na Base Aérea. Núria não tinha certeza do roteiro cumprido pelo companheiro na noite anterior, quando o sargento cogitava sair com amigos, pois ela estivera envolvida em uma celebração em família – insistira para que ele não ficasse sozinho em casa, que saísse para se divertir um pouco.
Ligou para o celular do parceiro. Uma mulher atendeu, e Núria logo desligou, sobressaltada com a interlocutora imprevista, o que a fez imaginar até uma aventura amorosa do marido durante sua ausência. Talvez tivesse digitado o número errado, cogitou, e repetiu a ligação. A mesma voz respondeu.
– Esse telefone não é do Luiz Carlos? – indagou a vendedora.
– É esse o nome dele? – respondeu a desconhecida.
– Eu acho que estou ligando para o telefone certo – explicou Núria, intrigada.
– Esse telefone está aqui no Hospital de Caridade. O dono está hospitalizado aqui.
Núria atirou o aparelho no chão. O marido fora à boate. Héric Lenin, seu filho de um relacionamento anterior, então com 10 anos, tentava ampará-la:
– Mãe, fica tranquila. Ele é muito forte. Ele está bem.
A confirmação de que Luiz Carlos estava entre as mais de duas centenas de mortos veio quando Núria voltava de carro para Santa Maria. Um instante de esperança se materializou quando ela chegou ao ginásio Farrezão, onde os corpos aguardavam a identificação pelos familiares. Perguntaram-lhe o nome da vítima que buscava e lhe informaram um número, mas o cadáver a que se referia era de outra pessoa. Luiz Carlos ainda poderia estar vivo, pensou a esposa. O alívio logo se esvaiu: o número estava errado. Ao olhar mais adiante, ela avistou, em uma das fileiras de cadáveres, a calça jeans preta, a camiseta vermelha e o par de sapatos marrom com que havia presenteado o marido no Natal.
Uma vizinha do casal que estava no enterro contou como era o militar. "Eram excelentes vizinhos", lamenta Carla Tarrago. "Viviam os três juntos. Eles tinham um cachorro, e ele vivia na rua brincando com o cachorro. Era uma alegria", conta.
Fonte: Gauchazh
Comentários
Postar um comentário