Lucas Dias de Oliveira




     Lucas Dias de Oliveira, filho de Marise e Natalício Soares,20 anos, tradicionalista, começaria um curso de inseminação de gado em Rosário do Sul.
     Ele foi a boate Kiss acompanhado da namorada Yasmin Muller, 18 anos, para comemorar o aniversário dela de 19 anos, que seriam completados dois dias depois.
     Pouco antes de as chamas se espalharem pela casa noturna, o casal trocou juras de amor. O namorado afastou-se dela para ir ao banheiro, sem saber que os dois não voltariam a se encontrar. Quando o fogo atingiu o teto da boate, Yasmin foi salva, puxada para a rua. Tentou voltar em busca do namorado, mas foi impedida.
     Nas horas seguintes, ela percorreu diversos hospitais de Santa Maria em busca do namorado. Tinha esperanças de reencontrá-lo vivo. Até que recebeu a notícia do paradeiro de Lucas: Seu corpo havia sido identificado no Centro Desportivo Municipal (CDM), o ginásio para onde as vítimas foram levadas.



     Foi lá, durante o velório, que Yasmin debruçou-se sobre o caixão do amado para se despedir, com as lágrimas escondidas pelo chapéu preto de abas largas que levava sobre a cabeça em homenagem a ele.
     O chapéu característico dos homens do campo era o adereço preferido de Lucas, diz Yasmin. O jovem cultivava as tradições gaúchas, andava pilchado com botas e bombachas, frequentava Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e gostava de andar a cavalo. O acessório havia sido comprado na Casa do Gaúcho, uma loja de produtos típicos onde o casal trabalhou e se conheceu.
     Desde aquele 27 de janeiro, o chapéu não pairou mais sobre a cabeça de Yasmin. Ele ficou aos cuidados da mãe dele, Marise, com quem a jovem mantém contato até hoje. Quando vai a Santa Maria, Yasmin procura visitar a ex-sogra. Mas a tragédia nem sempre é tema da conversa, que geralmente acontece regada a chimarrão.



     "Eu não fiz questão de pedir o chapéu para ela, porque uma mãe sofre bem mais com essa situação. Ás vezes a gente fala sobre tudo o que aconteceu. Não tem como não entrar na casa e não lembrar, as coisas dele estão todas por lá. Tem vezes que ela está bem, outras em que não está. Ele era filho único", relata.


     Marise Dias de Oliveira, mora numa casa simples e passa por tratamento psicológico.
     As lembranças que Yasmim  viveu com o jovem foram marcadas no corpo. Tatuou, próximo á costela, no lado esquerdo, o trecho de uma música que simbolizava a história do casal. O verso estava presente no primeiro bilhete que Lucas escreveu quando tentava conquistá-la. " Me procurando achei teus olhos, pelos caminhos de flor e encanto", diz a tatuagem.



O coletivo "Kiss: que não se repita" divulgou na segunda-feira (9 de janeiro de 2023) a imagem da segunda vítima retratada no projeto Tempo Perdido. Uma progressão de tempo é feita com computação gráfica para simular como estariam as fisionomias de oito pessoas que morreram na tragédia na boate Kiss — que completa 10 anos no dia 27 de janeiro de 2023.


O segundo retratado é Lucas Dias Oliveira, que tinha 20 anos à época o incêndio na casa noturna. A primeira foi Letícia Vasconcellos.

Tempo Perdido - 10 anos do incêndio na Boate Kiss: como estaria Lucas Dias de Oliveira?

Lucas tinha 20 anos, era tradicionalista gaúcho. É seu o chapéu preto que comoveu o Brasil ao cobrir seu caixão, estampa de vários jornais e revistas - tanto solo, quanto vestido na cabeça de sua namorada, Yasmin. 
Foto: Lauro Alves/Agência RBS 

Eles haviam combinado de comemorar o aniversário dela na festa marcada para a noite do dia 26, na Boate Kiss.

“- Amor, nunca me deixa, tá?” - disse Lucas.

Foram as últimas palavras que trocaram, quando ele afastou-se em direção ao banheiro da Kiss. Depois de virar as costas, o fogo eclodiu, a fumaça preta se espalhou. Yasmin foi salva, puxada para a rua. Tentou voltar em busca do namorado, mas foi impedida.

Além de Yasmin, o filho único Lucas deixou sua mãe Marise e seu pai Natalício. Foi sepultado com a pilcha que sintetizava seus valores e seu modo de vida. Seu chapéu permaneceu, representando sua ausência e sua presença. Sua história é contada no livro “Todo Dia a Mesma Noite” de Daniela Arbex, adaptada série na Netflix.
Fonte:Gauchazh 
Instagram:Kissquenaoserepita 

Comentários

  1. Sabe quando vc não conheceu o cara, as simpatiza e se identifica? Vai na paz gaudério!!!

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  2. descanse em paz 🙏🏻

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  3. Sinto muito pela perda. Ninguém merece passar por isso.

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  4. Que história linda e ao mesmo tempo trágica, essa moça deve guardar no coração pelo resto da vida. É um filme.

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