Janaína Portela, 19 anos,filha de Natalícia Moraes e Alcemar Moraes, não era estudante universitária e nem tinha saído de casa para se divertir quando encontrou a morte. Pobre, moradora da periferia de Santa Maria, em um bairro com um nome inspirador de Chácara das flores, Janaína nem era para estar na boate Kiss na noite de sábado para domingo.
Estava porque a mãe dela Natalícia Moraes da Silva, 53 anos, empregada como lavadora de copos da boate, naquele dia não estava se sentindo bem,com pressão alta e um mal estar generalizado por todo o corpo.
Como já havia acontecido outras vezes, a mãe pediu a filha que fosse trabalhar em seu lugar. Janaína foi.Sem carteira e sem contrato.
Janaína diziam seus amigos, até havia conseguido fugir da boate em chamas, mas preferiu voltar, para ajudar no salvamento de conhecidos.
"Ela saiu e voltou uma vez, duas.Na terceira não saiu mais."
A mãe, toma diariamente 26 comprimidos para enfrentar a depressão e outros problemas de saúde e é acompanhada por psicólogos da rede municipal.
Janaína se formou em 2012, no ensino médio, queria ser veterinária. "Ela nunca se cansava. Estava sempre disposta a ajudar os animais, as crianças, quem necessitasse."lembrou uma amiga no enterro.
No sábado,foi visitar a avó. "Vem aqui amanhã.",pediu-lhe a velha."Não sei se vai dar", respondeu a neta, abraçando-a. Antes de sair para trabalhar, a menina limpou toda a casa. Os vizinhos interpretam agora como um sinal que talvez nem ela mesmo soubesse.
O outro filho de Natalícia, Fábio, 24 anos, diz que a mãe não para de se culpar pelo que aconteceu."Que mãe não desejaria morrer no lugar?Mas aconteceu justo o contrário".
Fábio que hoje trabalha em Florianópolis, Santa Catarina, como padeiro, era o protetor de Janaína que nasceu com apenas 6 meses de gestação(tinha apenas 25 centímetros de comprimento).
Fonte:Folha de S.Paulo.
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