Guilherme Pontes Gonçalves




     Guilherme Pontes Gonçalves, 19 anos, deixou planos inconclusos. Um deles era realizar um mochilão pela Europa com os amigos no ano de 2013, data da tragédia da boate kiss. Também desejava embarcar em uma viagem de intercâmbio para um estágio no Exterior - cursava o terceiro semestre de Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria.


     Filho de Mariângela, proprietária de uma agência de turismo, e moradora de Cachoeira do Sul. O marido é pecuarista. No domingo pela manhã, ambos viajaram para Santa Maria, onde morava o filho, alertados por um torpedo de celular de uma amiga de Guilherme que perguntava se estava tudo bem com ele. O casal tomou consciência da proporção do episódio apenas durante a viagem, por meio do rádio. Já se falava em 180 mortos.
     Mariângela ficou preocupada quando não conseguiu falar com o filho pelo celular. Tampouco obteve contato com a namorada dele, a estudante de Odontologia Stefani Posser Simeoni, 18 anos. Imaginou que estivessem juntos. Tinha razão. Nenhum dos dois resistiu à tragédia. A família de Stefani, natural de Marau, chegou a Santa Maria pouco depois de Mariângela e do marido.


     - Ele jamais a deixaria para trás. Era muito solidário. Era uma pessoa alegre, carismática. Quando precisava falar, falava. Tinha ideias fortes sobre determinados assuntos - conta.
     - Não sou devota de qualquer religião, mas acredito que existe algo muito grande e forte. Meu filho era um menino maravilhoso, como tantos outros que estavam lá. Eram todos gente de bem. Eles estavam se divertindo.

A vida interrompida terá uma continuidade simbólica por meio de uma iniciativa da mãe, a empresária Mariângela Pontes. Poucos dias após a tragédia, ela se manifestou defendendo um projeto - que poderá ser um movimento ou uma campanha - pela segurança nos espaços públicos.



As pessoas têm de se conscientizar. Se existe normas, vamos segui-las. Não vamos beber e dirigir. Temos que cuidar da segurança das boates, mas existem outros lugares, outras situações que exigem que tenhamos consciência. No trânsito, por exemplo.


A iniciativa de um projeto de conscientização conta com a simpatia de amigos e familiares. Ela acredita que terá o apoio de parceiros no momento adequado. Por enquanto, tudo está no plano das ideias:
- É uma necessidade de fazer algo para que outros não passem pelo que eu e minha família estamos passando. Não sei exatamente como vai ser. Nesse momento, não tenho condições de começar nada. Meu pai está com Alzheimer e minha mãe está muito debilitada. Estou com uma linha de raciocínio funcionando, mas as emoções falam mais alto.


     Doação feita por Mariângela e Ricardo, pais do Guilherme, em janeiro de 2015 a APAE de Cachoeira do Sul.

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