Fernanda Tischer, tinha 21 anos,era natural de Paverama e estava no segundo semestre do curso de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria e participava da festa junto a outros universitários.
Morava na cidade há cerca de dois anos e meio. Era uma garota independente e decidida. Aos 18 fez as malas e avisou a mãe: "Estou partindo". Diana Tischer sempre preparou a filha para ser determinada e escolher o seu rumo, mas a despedida não foi tão fácil para a mãe.
"Ela disse que queria ir, mas eu estava em lágrimas e ela sorrindo. Quando me viu daquele jeito, brincou que logo estaria de volta", diz. A estudante morava a cinco minutos da universidade e sozinha. "A única coisa que não sabia era cozinhar. Para isso eu nunca preparei a Fernanda. Mas de resto, ela sabia se virar, lembra com emoção.
Tanto sabia, que quando havia alguma vaca na propriedade da família a dar a luz, era Fernanda quem fazia o parto. "No trabalho dela, em uma clínica, gostavam disso.Dessa coisa de pegar no trabalho de não fugir dessas coisas",diz sua mãe.
Era domingo, 27 de janeiro de 2013, quando Diana Tischer (46) recebeu a ligação de uma conhecida avisando sobre um incêndio em uma boate em Santa Maria. Como qualquer mãe ou pai que tivesse um filho morando na cidade, a reação foi de angústia. Havia falado com a filha na véspera e o combinado era que ligasse novamente naquele dia. Era cedo, o relógio marcava 8h 30min. Mas diante do susto, a ligação era mais que válida. Celular fora da área de cobertura. Mais angústia, até surgir a ideia de ligar para uma vizinha da filha. O sossego apareceu após a dedução de que Fernanda havia chegado em casa por volta das 4h. Mas era engano. A verdade - Diana saberia logo em seguida - era que Fernanda Tischer fora a 77ª vítima da tragédia ocorrida na boate Kiss, que matou 242 pessoas e deixou outras várias feridas.
A jovem morreu enquanto tentava sair da boate. Laudos da perícia confirmaram que todas as mortes foram causadas por asfixia pela inalação de gases tóxicos.
Em Santa Maria, a espera de notícias, os números iam aumentando. Pulavam de 60 a 120."Aquilo foi apavorando, pois os pais não encontravam seus filhos em nenhum lugar", diz. Segundo conta, filas e pessoas desesperadas ilustravam a cena. "Conforme íamos sabendo, entravamos em um estado de dormência. É até difícil de explicar".O reconhecimento aconteceu perto do meio-dia. Fernanda estava muito próxima ao palco, onde começou o incêndio, e não tiveram tempo de escapar. Sentada, atônita, Diana ouvia os relatos de tragédia e horror sem saber o que fazer. Ninguém parecia saber. O número de vítimas crescia e a fila de reconhecimento aumentava. No meio disso, pais e familiares quase não conseguiam esboçar emoções.
Foi em Fernanda que Diana encontrou apoio quando o marido morreu, em 2006. Ela se viu com uma propriedade para cuidar e duas filhas para criar.Contudo, vendo a necessidade de que os negócios fossem continuados, a estudante de Medicina Veterinária assumiu sua parte nas atividades: "Muitas das coisas aqui eu não sabia como fazer, como dirigir trator. Foi a Fernanda quem me ajudou, assumiu".
Créditos:O Informativo do Vale.
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