Bruno Kraulich



     O engenheiro agrônomo Bruno Kraulich, de 28 anos, foi resgatado pelo personal trainer e ex-fisiculturista Ezequiel Lovato Corte Real. Antes de se tornar vítima, porém, salvou a vida de uma amiga. Quando a confusão começou, ele foi empurrando Bruna em direção á saída, até se perder dela, que desmaiou perto da porta e foi resgatada por um voluntário."Se não fosse ele, eu teria caído no meio da multidão", lembra a menina em relato a revista Veja. O jovem foi quem ficou acabando ficando para trás, pisoteado pela avalanche de pessoas apavoradas que tentavam sair.


     O homem da família Kraulich, que tomou para si a responsabilidade de cuidar da mãe, dona Deocleci Inês Turra Kraulich, da irmã e da sobrinha após a morte do pai, há seis anos, tinha o corpo machucado quando a família foi fazer o reconhecimento.


 Bruno era introspectivo e um pouco ranzinza, conta a irmã Leyla Kraulich. Metódico, não gostava nem que abrisse o vidro do carona no carro, para não gastar as engrenagens, e ficava doido com a irmã azarada que, vez ou outra, quebrava alguma coisa dele. Ela, por sua vez, implicava com a bagunça dele em casa."Vou ter muita saudade de reclamar com ele por ter deixado o fio dental usado em cima da pia."



Bruno não era aquele tipo de pessoa que entrava na sala e atraia a atenção de todo mundo, era pelo contrário por ser muito discreto não gostava de chamar atenção sobre si mesmo. Não era o tipo de cara que começa a contar coisas engraçadas e todo mundo em volta ri sem parar, pelo contrário era ranzinza e rabugento. Não era o mais festeiro pois era muito responsável por seus experimentos e por sua família e também não era muito namorador, mas teve esses grandes momentos com um empurrão dos amigos. - relata um dos seus amigos Juliano Reis.
     

   
     Mas era o melhor amigo que alguém poderia ter. Sempre preocupado em ajudar nos problemas dos outros, dando conselhos(praticamente o mestre dos magos).Estudioso sempre fazia os trabalhos da faculdade e passava para os amigos. Quando ia a festas com meia hora já estava pedindo para ir embora, tinha uma sobrinha que amava muito e faria qualquer coisa por ela.


      Muito desconfiado em relação as pessoas, mas se tivesse visto quantos se comoveram, choraram, sentiram sua falta, teria percebido que nunca ia estar sozinho e nunca vai estar porque todos que o amavam iram lembrar dos melhores momentos vividos com ele.





Foto:Ricardo Jaeger/Época.

     Foi uma noite com velórios demais. Nereu Streck, professor do Departamento de Agronomia da UFSM, teve de fazer uma das opções mais difíceis de sua vida: escolher a que velórios iria. O Departamento de Agronomia da UFSM perdeu 27 alunos. A convivência entre os 27 mil alunos e professores na UFSM é estreita – Santa Maria é uma cidade universitária, um polo de estudantes no Sul. Na Agronomia, essa relação é ainda mais próxima. “As plantas não conhecem nosso calendário. Quando um aluno tem um projeto, ele tem de vir nos fins de semana, nas férias, nos feriados, para cuidar de suas plantinhas”, diz, olhos molhados, o professor Nereu Streck. Ele está diante de uma pequena, mas muito bem cuidada, plantação de soja. Era ali que Bruno Kraulich, realizava o experimento que abastecia de dados sua tese de mestrado na área do professor Nereu. Era ajudado por vários colegas, entre eles Mariana Moreira Macedo, de 19 anos e natural de São Gabriel, aluna do 4º semestre de meteorologia. Os dois morreram no incêndio. “Os amigos do Bruno me disseram no velório, em Tuparendi, que ele entrou duas vezes para ajudar a tirar vítimas. Na terceira, não saiu mais.” Nereu, que coordena outros 21 alunos, chora. Na noite de domingo, foi à cidade de São Gabriel despedir-se de Mariana. Voltou a Santa Maria, dormiu poucas horas e seguiu para a pequena cidade de Tuparendi, de maneira a velar Bruno. Viajou quase 1.000 quilômetros para comparecer aos dois velórios.

     Fonte: Época.

Vitima retratada em foto emblemática era Bruno kraulich. 



Quando saiu a lista dos mortos, o professor Alessandro Arbage encontrou o nome de um aluno muito querido: Bruno Kraulich, estudante de mestrado em Agronomia. Era muito próximo ao professor e foi retratado sendo retirado da Kiss já desfalecido, nos braços de um homem que subia a rua da boate pedindo ajuda.
"Há algum tempo, ele foi até minha sala pedir um conselho. Disse que havia conseguido um intercâmbio para os Estados Unidos e um emprego em Santa Maria ao mesmo tempo. Ele estava em dúvida sobre o que fazer. Aconselhei a ir para o exterior e assim ele o fez", contou Arbage. Assim que encontrou o nome de Kraulich, o professor parou de ler a lista. Encontrar o nome de pessoas queridas seria muito duro para ele.

Fonte:Uol


 

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