Augusto César Neves, formado em Ciências da computação na UFSM.
Evangélica, a dona de casa Maria Aparecida Neves, a Cida, ampara-se na bíblia para diminuir a revolta. Livro esse que permanece em cima de uma mesinha á cabeceira da cama do filho, Augusto Cezar, morto aos 19 anos na boate Kiss.
Um violão e uma guitarra com a qual ele tocava rock e gospel também estão lá desde a morte do rapaz, filho único - foram retirados do armário na noite da tragédia da Kiss e deixados ali, "porque ele se envolvia com música, se dedicava". As roupas seguem espalhadas pelo quarto, como na última noite. O quarto só é aberto para limpeza e algum outro retoque. Praticamente nada é tocado, muito menos retirado.
O rapaz cursava Ciência da Computação, mas gostava mesmo era de tocar rock e gospel. Cida diz que, quando a saudade bate forte, ela abre o guarda-roupa de Augusto e pega as camisetas das quais ele mais gostava: Uma que ele veste numa foto tamanho pôster colada no armário e outra do Grêmio, time para o qual torcia com fervor.
A mãe tomou incontáveis tranquilizantes desde o dia do incêndio e faz acompanhamento psíquico para enfrentar a perda. Ela não consegue mais se focar em trabalho externo e agora se mantém como dona de casa.
Sonhava em ser avó, não tem outro filho e a revolta parece ser uma constante na sua vida. A religiosidade a ajuda a se acalmar.
O marido, Cezar, que trabalha fora como pintor, está um pouco
mais conformado e pensa que chegou a hora de doar as roupas do filho. Cida
resiste:
_Não consigo me desfazer delas, parece que estaria me
desfazendo do Augusto. Cheiro a camisa, beijo. Sei que o próprio Augusto
gostaria que eu doasse, mas é difícil. É uma saudade sem fim, algo que não
cessa.
Perfil do facebook: Augusto Cezar Neves
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